domingo, janeiro 13, 2008

Beethoven, Bach, a música e o amor.


Num fim de semana calmo (?) e cheio de emoções ao mesmo tempo assisti a dois filmes muitos intensos.

"O Segredo de Beethoven" é de 2006 e quem faz o papel do mestre da música é Ed Harris, difícil imaginar o artista encarnado nesse personagem. Comentei isso com a Fernanda antes de ver o filme e depois tive a mesma opinião do Charlie. Impossível e impressionante a atuação.

Eu esperava ver a história toda do compositor, ver a casa de Bonn que visitei em 2005. Não, o filme trata da fase final em Viena, da entrada de Ana Holtz na vida de Ludwig, da composição da Nona Sinfonia e da peça feita para um quarteto de cordas, sua última obra.

Intrigante, intenso, as vezes desesperador, "O Segredo de Beethoven" apresenta uma das cenas mais sensuais que já vi no cinema. Os dois personagens chegam a um torpor quase sexual. Anna guia as mãos do maestro para a apresentação da sua última sinfonia, já que ele pode sentir e ler a música mas não pode ouvir o ritmo da orquestra que o acompanha. As mãos dos dois se movem no ritmo das suas almas e da paixão pela música.

:}

"Saraband" é Bergman, 2003, o último dele. Um filme feito pra TV e continuidade de "Cenas de um Casamento", do início dos anos 70. Eu não vi o filme mas li o roteiro como "Cenas de um Casamento Sueco".

Em "Saraband" os mesmos personagens Marianne (Liv Ullman) e Johan (Erland Josephson) se reencontram 30 anos depois. A intensidade deles e ainda do filho e da neta de Johan é quase uma redundância, já que se trata de Ingmar Bergman.

O filme é dirigido por um cineasta com mais de 80 anos e cheio de vigor. Ao assistir o making of fiquei ainda mais impressionada com o humor, a lucidez, a delicadeza e a energia de um Bergman que senta e levanta do chão sem ajuda, para mostrar à Karin, neta do personagem de Josephson, de 19 anos, como se posicionar em cena.

Se ler o roteiro de "Cenas de um Casamento Sueco" me fez refletir que sociedade era aquela que nos anos 70 questionava a hipocrisia das relações e respeitava o individuo como um ser independente, em Saraband vi a sociedade sueca que se conhece, com pessoas longevas e ativas. Mesmo Josephson com 84 anos tem um vigor inabalável ao representar, apesar dos visíveis sintomas do Mal de Parkinson, e Liv Ullman continua linda em cima dos seus mais de 60 anos.

Minha curiosidade foi saber o que significa Saraband e ao longo do filme descubro que são suítes para violoncelo compostas para duplas, por Bach. A trilha é belíssima e o amor está em toda parte. Bergman dedica o filme a sua mulher Ingrid e certamente e como sempre a Liv, sua ex-mulher, que dá um show de interpretação.

4 comentários:

Anônimo disse...

Quero muito ver! Embora esteja relutante em abandonar a imagem de Beethoven / Gary Oldman da minha mente...

Anônimo disse...

Quis ver esse O Segredo de Bethoven desde o dia em que vi o trailer. Não consegui ainda, mas me lembro de ter assistido um outro que contava a história do músico. Achei forte e bonito, com cenas em que ele imaginava sinfonias observando um lago e um céu estrelado, enquanto o pai saía, a mesma cena que lhe retorna na última música. Lembro também de um momento em que ele bate nas mãos de uma aluna, porque ela tocava "com técnica, mas sem nenhum sentimento".

Canimo disse...

Caro b.m. eu acho que o filme que você viu deve ser o que o Gary Oldman fez e do qual a Miss F fala aí nos comentários. Sem sentimento nada é possível!

Anônimo disse...

Você esqueceu de dizer que eu vi o filme com você. Também esquceu de dizer que a Nona Sinfonia foi a passagem do classicismo pro romantismo, já que músicas finalizadas com coros não era característica da música clássica e sim o início do romantismo. O último quarteto para cordas dele não foi bem aceito pelos espectadores, como mostram as últimas cenas do filme porque ainda viviam a époc dos clássicos e Beethoven estava à frente, estava já no romantismo.
Beijos, te amo, Nati.