quarta-feira, janeiro 13, 2010

Pros que estão em casa


Essa, meu amigo, é pra você está em casa, sentado confortavelmente na sua cadeira, em frente a sua máquina. A máquina pode ser a preferida pra um momento assim: você chegou do trabalho, tomou um banho nesse calor infernal que está fazendo no Hemisfério Sul, está no ar condicionado, em roupas confortáveis e navegando pra se distrair depois de uma dia cheio. Ah, mas no trabalho você nem conseguiu ler as principais notícias de hoje, já saiu atrasado, nem pegou o jornal, o seu móvel e o fixo da sua mesa tocaram incessantemente, você nem almoçou hoje. Pois, então! Acho que é hora de você procurar pelo noticiário aqui, saber se o El Niño tá perdendo força, se a lei dos direitos humanos nacional saiu daquela forma mesmo que disseram ontem, se a Hebe já deu alguma declaração sobre a câncer. Afinal, a tragédia de Angra já passou e você nunca tinha visto tantas fotos de neve nos jornais. Pobre de você amigo, todo esse conforto paradisíaco que eu descrevi, toda a cena que eu descrevi como você sendo o principal personagem, cai por terra. As notícias não são nada boas, e não foi mais uma crise econômica, não! Foi a natureza de novo, meu caro. Foi a natureza que não sabe medir quantas pessoas têm em cima. "Lavoisiermente" falando Ela, a mãe, se transformou, se moveu, se deslocou. Não importam as crianças, os jovens, os velhos, não importam os exércitos de paz. A natureza precisou se mexer, estava escrito, é mecânico, é falha mecânica na máquina cansada. A terra está cansada! Pois é, tenho certeza que você se ajeitou na sua cadeira confortável e pensou: acho que o mundo vai acabar. Olhe em volta, então. Eu mesma aqui estou com uma lâmpada acessa, um máquina potente ligada, dois telefones e um circulador de ar. Meus avós a essa hora estavam dormindo e meus pais talvez já apagando as luzes quando tinham a minha idade. Do quarto pra fora, mais centenas de kilowatts de minha responsabilidade estão sendo gastos, e aí pense nos seus, nos dos seus vizinhos, dos meus vizinhos... Eu não tive a mesma sorte que você hoje na hora do almoço, eu fui almoçar em frente a uma TV e almocei chorando... Chorando pelo pobre Haiti, chorando pelas crianças do Haiti, lembrando que o Caetano cantou que o Haiti é aqui.