domingo, abril 02, 2017

Somos corpos que caem

Domingo de manhã. Acordo meu corpo ainda não-dócil para um dia de preguiça e tomara de muita leitura e reflexão. Passeio pelos posts dos amigos e de páginas curtidas no meu "feed". Ao longo do desce e sobe do cursor me deparo com uma matéria em um programa de TV. A atenção está voltada para uma atriz que perdeu peso e melhorou a sua saúde de uma forma muito simples. Meu corpo não-dócil começa a ler sem pretensões e aos poucos vai se tornando dócil. Ao ler essa matéria eu naturalmente me inspiraria por uma vida real, mas não. A matéria me responde o "quem", o "onde", o "porque", e então me responde o "como". Nesse momento em que o corpo quase cai, volta o meu corpo não-dócil.
No "como" da matéria está um livro, neste livro a solução: se e somente se você clicar no link aparecem o preço e o nome de quem escreveu. Isso nem é publicidade, é uma matéria sobre uma vida real. Meu corpo não-dócil na mesma hora sorri, com certa decepção, e tento fechar a página. Não consigo, o dominante me implora para não ir embora. Como um amante cheio de desejo me provoca: não vá ainda. Lendo os comentários tenho a certeza de que muitos corpos dóceis serão consumidos pela oferta de algo que se parece uma experiência e um testemunho de vida feliz. Sorrio desencantada e agora determinada a sair dali com pressa.

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