sábado, novembro 10, 2007

A CAIXA-PRETA

E tu sabias que era noite e que também folha alguma se movia
e só a minha alma estava atenta e doente
e só por mim teu choro veio, como que espezinhando,
e somente a mim escolheu como alimento.

Por vezes tremerei repentinamente e como perdido irei,
e o temor dos cegos passa por mim,
quando dos quatro ventos sua voz me chama
como um jovem que engana um cego.

E tu cobriste o rosto e nada disseste,
e a escuridão do teu choro, o sangue da pomba,
e na escuridão foste atada e na distãncia amargaste
até o esquecimento, até o fim, até a incompreensão.

"O choro", in Alegria dos pobres, de Natan Alterman

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