Sábado passado foi dia de documentário. A Casa Azul (leia-se Centro Alceu Amoroso Lima) promoveu a exibição do filme do João Moreira Salles com direito a debate no final.
Acho que a intenção do Joãozinho era resgatar a própria memória, o auge da felicidade dele ao lado da família, do glamour que foi viver naquela casa. Talvez resgatar a memória da mãe através dos relatos de um mordomo de personalidade singular, um excêntrico chamado Santiago.
As cenas são filmadas dentro de um micro apartamento onde Santiago viveu os últimos dias, no Leblon. A maioria delas feitas na cozinha entre panelas penduradas e azulejos antigos. O formato em preto e branco tem áudio livre com voz de ator e diretor - material bruto. Entre "vai" e "corta", muitas revelações. Santiago conta os notáveis que frequentavam as festas da casa dos Moreira Salles, lembranças da infância na Itália e com outros patrões, os arranjos de flores que fazia. O mais surpeendente é que o mordomo fazia transcrições de dinastias das mais variadas origens, como um monge copista. Nos seus escritos ele fazia observações de carater pessoal, odiando ou amando algum personagem obscuro dessas famílias nobres.
Joãzinho deu com os "burros n´água" diante da sua primeira intenção. Levou 13 anos para ruminar e deglutir o material bruto que tinha filmado. O resultado não foi menos emocionante. Santiago na qualidade de serviçal se revela um ator, um louco-pacífico, um ser humano solitário e conformado com a vida. A vida é assim!
Um comentário:
Eu ainda quero crer que é mais. Só a linda dança das minhas duas mãos solitárias não me bastam. Quero as minhas, as da filhota, as de um homem lindão grandão fofão e gostosão pra proteger as nossas, hehe.
Bisous querida!
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